domingo, 14 de julho de 2013

Era um ator palhaço e uma moça tímida de beleza incomum.


Era um ator palhaço e uma moça tímida de beleza incomum.
Em um dia de sol brando, como de costume, la vinha o palhaço com seu andar, que mais parecia com uma dança, assobiando sempre a mesma música e com uma gérbera cor-de-rosa na mão. A moça tímida pelo som já percebia quem era e abaixou sua cabeça esperando a flor aparecer a sua frente e o beijo na nuca que sempre a deixava corada.
Uma vez, após uma apresentação, em um momento mágico, daqueles que o amor torna-se eterno só por aquele momento, o palhaço ousou em usar a timidez dela a seu favor, como se fosse impossível aquele sentimento ter um fim, ele disse “Se um dia quiser terminar comigo terá que fazer uma atuação como as que eu faço nas sextas” e ria, os dois riam. O que eles sentiam era incomum. A extravagância e a timidez.
O ator pôs a flor na frente da moça e lhe deu o beijo na nuca e com angustia e dor a moça tímida, gritou “ Não!
O sorriso do palhaço se desfez em  espanto e ela calma e como se agora lhe faltasse o ar continuou
"Não me compreendeis... Ouvi, atentos, pois meu amor se compõe do amor de todos dois... Hesitante, entre vós, o coração balanço... O teu beijo é tão quente Alerquim... Fechava os olhos com um suspiro. O teu sonho é tão manso Pierrot... Disse virando para o ator, pegou sua flor afastando-se
Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma dando a Arlequim meu corpo Passava as mãos por seu corpo com expressões de prazer e afastava-se cada vez mais e a Pierrot a minh’alma! Deixando as mãos cairem como um peso. Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!


Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra!. A moça pára. O palhaço tira o chapéu e fica a observando com seus olhos caídos.
Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do amor está na variedade...
Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente,
porque a história do amor pode escrever-se assim: Um sonho de Pierrot, A moça senta-se por cima dos joelhos e deixa a flor na terra  um beijo de Alerquim!
Uma imensidão de silêncio, como se estivessem mergulhando com os olhos fechados e já lhes faltasse o ar.

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